Sem sombra de dúvida, o hábito de fumar desempenha um papel importantíssimo no desenvolvimento tanto da bronquite crônica quanto do enfisema. Só para termos uma ideia, hoje já se sabe que a incidência de DPOC se eleva de 19,7% em homens que nunca fumaram para 87,7% em fumantes de mais de dois maços de cigarro por dia. Isso significa que os fumantes de mais de dois maços de cigarro/dia têm um risco 4,5 vezes maior de desenvolver DPOC do que os não fumantes. Os fumantes de cachimbo e charuto, por não inalarem a fumaça tão frequentemente quanto os fumantes de cigarros, apresentam uma menor incidência de DPOC. No entanto, continuam apresentando uma incidência maior da doença do que os não fumantes.
Outro fator que merece ser levado em consideração no desenvolvimento da DPOC é a poluição atmosférica. Embora não seja responsável diretamente pelo desenvolvimento da DPOC, o aumento da poluição aumenta a incidência dessa doença em indivíduos fumantes. Indivíduos que trabalham em locais onde há fumaça constante ou partículas de substâncias químicas em suspensão também parecem ter maior risco de desenvolver DPOC.
Vimos que o tabagismo é um importante fator etiológico para o desenvolvimento da DPOC; no entanto, o que irá determinar se o indivíduo apresentará bronquite crônica ou enfisema será sua predisposição genética. Assim, um tabagista importante poderá desenvolver bronquite crônica ou enfisema dependendo de suas características genéticas, podendo haver, muitas vezes, o aparecimento concomitante das duas patologias.
O excesso de produção de muco nos pulmões determina o principal traço do bronquítico crônico, que consiste na tosse com expectoração. Essa expectoração pode ser esbranquiçada ou amarelada. Ocorrem também falta de ar e incapacidade para atividades físicas, a exemplo do que ocorre com a asma, em decorrência da obstrução dos brônquios e da presença de infecções frequentes. Nesses pacientes, encontramos também os sibilos (chiados no peito) como manifestação sonora da dificuldade de expiração do ar (também em decorrência da obstrução brônquica). A cianose, ou pele arroxeada, também é muito frequente nesses casos.
Assim, quando o médico se depara com um paciente com suspeita clínica de bronquite crônica, ele deve lançar mão de meios diagnósticos para comprovar a existência de bronquite crônica (pura ou associada ao enfisema), bem como avaliar se existem complicações e qual a gravidade do caso. Quanto mais precoce for o diagnóstico, menor será o comprometimento anatômico e funcional da árvore brônquica e, portanto, mais eficaz será o tratamento.
Entre os exames que podem ser solicitados pelo médico estão o raio-X de tórax, a broncografia e provas de função pulmonar.
O programa terapêutico do bronquítico crônico é extremamente semelhante ao tratamento do enfisematoso e inclui diversas medidas, desde as de caráter profilático ou geral, até as mais específicas, destinadas à correção das múltiplas alterações. Geralmente, o tratamento é feito em longo prazo, envolvendo a participação de médicos, de pessoal da enfermagem, de fisioterapeutas e de nutricionistas.
MEDIDAS GERAIS
TRATAMENTO MEDICAMENTOSO
Broncodilatadores
São utilizados para diminuir o componente de estreitamento dos brônquios que ocorre na bronquite crônica e, com isso, melhorar a capacidade respiratória. Da mesma forma com que ocorre na asma, a via preferencial de administração desses medicamentos também é a via inalatória.
Agentes Mucolíticos e Fluidificantes
O objetivo desta terapêutica é diminuir a viscosidade da secreção brônquica e, com isso, evitar que se formem “rolhas” de secreção, que irão obstruir mais ainda os brônquios. Com a diminuição da viscosidade da secreção, haverá melhora da atividade ciliar, do transporte do muco e, consequentemente, redução da obstrução.
Corticosteroides
O objetivo de sua utilização, por via inalatória, é diminuir a resposta inflamatória que ocorre na árvore brônquica.
Antibióticos
Seu uso encontra-se mais reservado para casos em que há infecção associada.
Referência:
Estratégia Global para o diagnóstico, manejo e prevenção da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (Global Strategy for the diagnosis, management, and prevention of Chronic Obstructive Pulmonary Disease, GOLD, 2017).
Este material foi elaborado pelo Departamento Médico-Científico (DMC) da Chiesi Farmacêutica Ltda., sendo de caráter meramente informativo. Lembre-se de que, em qualquer situação, somente seu médico pode prescrever medicamentos e orientá-lo sobre a melhor terapêutica.